Este ensaio propõe-se a analisar a política de representação da identidade negra nos Cadernos Negros. Apresentam-se inicialmente reflexões teóricas sobre a noção de representação, o papel das narrativas na constituição de indivíduos e grupos sociais, e os efeitos da adoção de um paradigma globalizante único, uma revisão teórica que é embasada, sobretudo, no pensamento de Stuart Hall, Tomaz Tadeu da Silva e Boaventura de Souza Santos. Pensam-se, após, as estratégias adotadas pelos escritores dos Cadernos Negros ante o processo de marginalização, supressão e subversão dos saberes e da cultura negra, e suas opções para dar visibilidade a sua matriz cultural e produção literária. Ressalta-se o modo como o cotidiano negro, invisibilizado na produção hegemônica, é visibilizado pela asserção, repetição e poetização da vivência negra.
This essay intends to examine the politics of representation of black identity in Cadernos Negros. Initially, theoretical reflections on the notion of representation, the role of narrative in the constitution of individuals and social groups, and the effects of the adoption of a single holistic paradigm are introduced, a literature review that is grounded primarily on the thought of Stuart Hall, Tomaz Tadeu da Silva and Boaventura de Souza Santos. The strategies adopted by black writers in Cadernos Negros due to the process of marginalization, suppression and subversion of black knowledge and culture are then analyzed, as well as their options to give visibility to their cultural and literary matrix. The findings highlight the way by which black everyday life, made invisible in the hegemonic production, is rendered visible through the assertion, repetition and poeticization of the black experience.